Adriano Ribeiro: «A visão de um empreendedor nunca pode estar totalmente concretizada»

Após 30 anos de carreira, gestor faz balanço sobre o mais recente projeto: a bwd

Que principal mudança sente nas empresas, olhando para trás e desde que começou, há 30 anos?

A evolução ao nível da modernização das suas capacitações tecnológicas a todos os níveis da operação das empresas é enorme, como todos facilmente constatamos.

Mas, como ao longo da minha carreira conheci por dentro grandes e pequenas empresas, talvez a maior diferença que me apraz salientar tem a ver com o acesso das PMEs exatamente às mesmas ferramentas e soluções tecnológicas disponíveis para as grandes empresas.

E praticamente em simultâneo a partir do momento da disponibilização das inovações no mercado.

Isto significa que hoje em dia, qualquer que seja a dimensão da organização, esta tem capacidade de se dotar das melhores infraestruturas tecnológicas de ponta em igualdade de circunstâncias com os seus concorrentes, permitindo-lhe aumentar os seus níveis de competitividade.

O mercado das tecnologias criou condições para esta “democratização” em termos de condições de acesso. Compete agora às empresas saberem rodear-se dos parceiros certos para criarem a sua estratégia de abordagem à inovação. Porque tão importante como decidir que ferramentas adotar, importa saber como as implementar para que se obtenham os resultados esperados destes investimentos.

É exatamente por isso que foi criada a bwd e temos sido reconhecidos pelo nosso trabalho de parceria junto dos nossos clientes.

A bwd cumpre este ano 6 anos – qual é o balanço que faz? A sua visão cumpriu-se?

A visão de um empreendedor nunca pode estar totalmente concretizada. Mas confesso que a minha visão no que à bwd diz respeito está dentro daquilo que eram as minhas melhores expectativas iniciais. 

Conseguimos dar corpo ao conceito inicial:

Criar uma empresa totalmente especializada em dotar as organizações de arquiteturas modernas de gestão de informação, tratando os documentos, dados e processos inerentes.  

Estas arquiteturas são baseadas na utilização das mais modernas ferramentas de tecnologia digital.

Mas, sobretudo, são desenhadas em detalhe, caso a caso, permitindo uma modernização organizativa respeitando as características fundamentais e a cultura de cada organização. 

Esta abordagem cuidada permite que cada nosso cliente possa garantir a modernização da sua organização com os ganhos de eficiência consequentes, mantendo a diferenciação competitiva inerente ao seu DNA.

Qual a chave do sucesso dos projetos da bwd?

É necessariamente um conjunto de fatores:

Em primeiro lugar, o nosso conceito de trabalho, a nossa abordagem cuidada e personalizada que gera as soluções de sucesso como acreditávamos e esperávamos. O desenho inicial de cada solução é efetuado através do levantamento cuidado da realidade que abordamos em cada caso. O conhecimento resultante é um ponto fundamental para o sucesso final do projeto.

Em segundo lugar, o papel da nossa equipa, selecionada e formada em total sintonia com o nosso conceito que, para além da sua competência técnica, assume uma dedicação total aos nossos clientes.

Finalmente, a constituição mista das equipas de projeto, com um papel preponderante para os colaboradores das organizações dos clientes. Garante a adequação da solução em cada fase da sua construção e o ownership da nova realidade – novas ferramentas e novos modos de trabalho.

Qual a importância da definição de uma estratégia digital para o aumento da competitividade das organizações e qual o papel da bwd nessa definição?

A competitividade das organizações hoje passa forçosamente pela adoção das ferramentas digitais disponíveis no mercado. Em todas as áreas das organizações – das áreas operacionais internas aos canais de interação com os clientes.

Mas assistimos generalizadamente a dois tipos de erros neste caminho de digitalização:

  1. Adoção de ferramentas “avulsas” por imitação ou má orientação externa. A maior parte das ineficiências na gestão da informação e dos processos internos das organizações resulta da desarticulação entre as várias ferramentas existentes. A introdução de uma ferramenta adicional, por mais avançada que seja sem cuidar da integração da arquitetura de sistemas, não vai acrescentar muito à eficiência da organização.
  2. O início da construção pelo telhado.  Sem transformação do tratamento de dados e documentos e a sua captação e processamento digital não vale a pena ter ferramentas avançadas de análise, (dashboards, BI (business Intelligence) ou CRM (customer relationship management), por exemplo)

Como em qualquer investimento, é crucial desenhar previamente um plano de implementação que esteja totalmente sintonizado com a estratégia de negócio – que permita responder não só à realidade atual da organização, mas que preveja e acautele a sua evolução, a sua dinâmica de crescimento.

Uma estratégia corretamente delineada permitirá desenhar e implementar as soluções adequadas para cada empresa a partir da seleção das melhores ferramentas existentes no mercado, com um nível de investimento cuidadosamente adequado e faseado.

Que impacto sente que a pandemia teve no tecido empresarial português?

O COVID-19 foi um inesperado catalisador para a adoção de novas tecnologias e para a transformação digital

Neste momento, inúmeras empresas encontram-se a funcionar em teletrabalho, possibilitando aos seus colaboradores que continuem a desempenhar as funções à distância; as compras online batem recordes de vendas a cada mês; supermercados e restaurantes operam com entregas em casa; consultas de saúde são cada vez mais efetuadas por telefone e em videoconferência; as reuniões de equipas ocorrem em plataformas de partilha de informação (Zoom, Teams, etc.); proliferam ginásios virtuais; webinars e eventos online; estes são apenas alguns exemplos do que se têm observado neste período extraordinário.

Nunca como agora, as pessoas (de todas as gerações) estiveram tão conectadas. Inúmeras pessoas que se recusavam a fazer as suas compras de supermercado online vêem agora esta alternativa como algo prático, cómodo e sem custos acrescidos; para poderem falar com os seus filhos e netos, têm forçosamente que se conectar ao telemóvel ou ao computador. E isto entrará na rotina de muitos, mesmo após o período da pandemia. O comportamento do consumidor já estava a sofrer grandes alterações, mas sem dúvida que agora assistimos a muitas mais, e cada vez mais rápidas.

Com esta realidade, as empresas que não adaptarem as suas organizações ficarão necessariamente e rapidamente em desvantagem competitiva.

Em 2020 teve início a operação em Espanha – o desafio é semelhante?

Completamente. Os tecidos empresariais relativamente à transformação digital não estão assim tão diferentes em termos da realidade atual e das perspetivas de evolução. 

As necessárias diferenças culturais de abordagem estão devidamente acauteladas pela integração na nossa equipa de consultores locais, que lideraram os nossos projetos em Espanha.

Que outras geografias constam do plano de expansão e que planos traça para 2022 para a bwd?

Geograficamente, estamos muito focados na Península Ibérica. Temos aqui um amplo mercado para a nossa atividade. 

Temos também em conta que, não negando a nossa ambição para a continuação do crescimento do nosso volume de negócios e do número de clientes, não descuidaremos nunca a sustentabilidade deste crescimento perante a inquestionável manutenção do nosso conceito de negócio. 

Acreditamos que o nosso sucesso depende totalmente da manutenção dos níveis de qualidade e exigência que impomos a cada um dos nossos projetos.

Os nossos clientes esperam isso de nós e não os defraudaremos.